sábado, 6 de outubro de 2012

Uma rua que revela talentos todos os dias




Desde o primeiro dia de funcionamento da Rua da Cidadania do Boa Vista, 30 de abril de 1997, estava também inaugurado o Núcleo Regional da Fundação Cultural de Curitiba, com a implantação de atividades voltadas à comunidade, como aulas de canto e coral, guitarra, violão, teclado, bateria, desenho artístico e pintura em tela. Os encontros são uma vez por semana, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 21h, e aos sábados, das 8h30 ao meio-dia. O curso de bateria tem aulas no sábado até às 18h. O valor da mensalidade para qualquer curso é de R$ 42,00.
A coordenadora do núcleo da Fundação Cultural na Regional Boa Vista, Ana Kohler, informa que o espaço oferta sete cursos nos quais estão matriculados 506 alunos. Ela comenta que nesses 15 anos já passaram muitos talentos pelos cursos do Núcleo e destaca, entre eles, o estudante do quinto ano de Composição e Regência da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), Willian Lentz, de 26 anos. Ele, aos 11 anos de idade, foi aluno do curso de desenho artístico e, aos 15, estudou violão com o professor Luiz Carlos Ferreira.
Willian, que atualmente trabalha como regente da Orquestra de Violas e regente assistente do coral Big Belas Band da Embap, diz que foi encaminhado ao Núcleo pela mãe, que queria que ele desenvolvesse mais seu talento como desenhista. “Gostava de desenhar e minha mãe decidiu me matricular num curso de desenho artístico que tinha na Regional. Daí eu nunca mais saí. Conheci outros professores e, como sempre me interessei por música, resolvi estudar violão”, afirma ele, que além de ser músico, dá aulas de desenho. Ele conta que muita coisa que aprendeu nos cursos, tanto de desenho quanto de violão, foi fundamental para o desenvolvimento de seu aprendizado. “Eu sempre recomendo os cursos da Rua da Cidadania, principalmente o de violão do professor Luiz Carlos”.
O curso de violão popular do professor Luiz Carlos Ferreira é, inclusive, o mais concorrido do Núcleo. São 201 alunos matriculados, desde crianças de oito anos até pessoas da terceira idade. São várias turmas de 1 hora/aula com oito alunos no máximo cada, mas o professor não mede esforços para repor aulas inclusive nos sábados e até em alguns domingos, dependendo da necessidade e disponibilidade do aluno e do professor. Além dos encontros regulares, ele leva seus alunos a palestras, audições, oficinas de música e apresentações abertas ao público. “A cada audição levamos 80 alunos e fazemos apresentações de 10 em 10 violonistas. Sempre temos casa cheia”, revela.
O professor Luiz Carlos conta que tem aluno de todos os níveis. “Desde aquele que vem do zero, que não sabe nem pegar no violão, até aquele que vem para se aperfeiçoar, para aprender mais técnica”. Ele diz que tem músicos que já tocam na noite curitibana e que ainda fazem aula com ele.
Mas a grande propaganda dos cursos da Fundação Cultural no Núcleo Regional Boa Vista é o famoso boca a boca. É o caso de Louise Caroline Cavali, de 14 anos, e de Ramon Kubes dos Santos, de 12. Ambos foram convidados por primos e amigos que já fazem aula de violão com o professor Luiz Carlos. Ramon conta que de tanto observar seus primos tocando em churrascos e festas da família, além de seu pai e seu avô (José Pai e Cláudio Filho), que até formaram uma dupla sertaneja que faz sucesso dentro do grupo, resolveu que também será músico. “Vou começar pelo violão, mas quero montar uma dupla sertaneja de verdade e poder tocar e cantar”, planeja.  Louise está começando pelo violão, mas seu projeto é aprender a tocar contrabaixo. “Eu sei que aqui terei uma boa base para o que eu quero”, afirma.
A pequena Thalyssa Medeiros, de 9 anos, além da timidez e de dificuldades com as aulas de matemática, chegou a enfrentar, segundo a mãe Adriana Pedroso, problemas de autoestima quando teve que parar com as aulas violão em uma escola privada. “Perdi o emprego e a gente não podia mais pagar para ela estudar lá, então decidi procurar o Núcleo. Hoje minha filha está recuperada. Melhorou cem por cento na escola e está se relacionamento bem melhor com as colegas de turma”, conta emocionada.
Outras ações – Além de oferecer cursos e oficinas, o Núcleo faz o agendamento em diversos espaços da Regional para a realização de espetáculos promovidos por grupos que tiveram projetos viabilizados pelo Fundo Municipal da Cultura. Esses grupos participam, anualmente, de editais da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, com projetos nas áreas de literatura, artes cênicas, música, audiovisual, artes visuais, patrimônio, folclore, artesanato e manifestações tradicionais. Todos os projetos aprovados têm contrapartidas sociais, ou seja, precisam ser apresentadas às comunidades que não têm com tanta frequência esse tipo de oportunidade. É a partir desse momento que entram os coordenadores dos núcleos regionais, que fazem o agendamento dos eventos em espaços da comunidade.
O coordenador do Núcleo Regional também faz a ponte entre outras secretarias para disseminar as ações da Fundação Cultural junto à comunidade, levando atividades para os CRAS e para os programas sociais da Prefeitura, entre eles o Comunidade Escola e o Família Curitibana. “Fazemos também visitas aos espaços culturais da cidade, levando pessoas da comunidade para assistir a espetáculos, visitar museus e outros eventos”, informa Ana Kohler.  Ainda na Regional é feito o cadastramento de artistas que poderão ser convidados a participar de atividades, como oficinas, exposições e shows musicais, apresentando seu talento.

Serviço:
CURSOS PERMANENTES DO NÚCLEO REGIONAL BOA VISTA
Bateria – 18h às 20h (toda 3ª e 4ª feira) e 13h às 18h (sábado)
Guitarra – 15h30 às 21h30 (toda 3ª feira)
Teclado – 8h30 às 20h (toda 5ª ou 6ª feira)
Violão popular – 8h às 21h (toda 4ª, 5ª e 6ª feira) e 8h às 18h (sábado)
Violão Popular (Conjunto Cassiopéia) – 14h às 18h (toda 5ª feira)
Violino – 8h30 às 21h (toda 2ª e 4ª feira) e 9h às 12h (todo sábado)
Canto Coral – das 19h às 21h30 (toda 3ª feira)
Desenho artístico – das 18h30 às 20h30 (toda 2ª feira)
Pintura em tela – das 10 às 18h (toda 2ª feira)

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