quarta-feira, 3 de outubro de 2012

AGENDA ROSDOLSKY - LANÇAMENTO EDITORA UFMG

A Editora UFMG lança no dia 06 de outubro, em Belo Horizonte, o livro Agenda Rosdolsky, de Eduardo da Motta Albuquerque. O evento acontece a partir das 11 horas, na Livraria Mineiriana (Rua Paraíba 1419, Savassi).
Mais informações: 31-3223-8092



    Germes para o futuro

    Livro de pesquisador do Cedeplar mostra como o capitalismo pode contribuir para sua própria superação

Itamar Rigueira Jr.

    Eduardo Albuquerque: germes do socialismo surgem fora do mercado O pensador e ativista Roman Rosdolsky (1898-1967) lembrava que Karl Marx procurava, na sociedade de seu tempo, os germes para o mundo do futuro. E ele mesmo, Rosdolsky, desenvolve, em seu livro mais conhecido (Gênese e estrutura de ‘O Capital’ de Karl Marx, editado postumamente, em 1968), a ideia de perceber na história vivida as possíveis heranças para a sociedade que virá. Essa dupla inspiração guiou tese do professor Eduardo da Motta e Albuquerque, submetida em concurso de professor titular da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), que acaba de se transformar no livro Agenda Rosdolsky, publicado pela Editora UFMG.

    A proposta de Albuquerque é buscar no desenvolvimento do capitalismo mudanças que podem orientar a construção de um novo modelo. E ele identifica quatro aspectos resultantes de dinâmicas comunitárias e de lutas sociais: o sistema de bem-estar social, o sistema de inovação, mudanças no sistema financeiro e a democracia.

    “Meu objetivo foi articular o entendimento das metamorfoses sofridas pelo capitalismo com a possibilidade de sua própria superação, na direção de uma sociedade democrática e socialista”, afirma o pesquisador, que é doutor em economia pela UFRJ.

    Eduardo Albuquerque abre seu trabalho explorando o diálogo de Marx com autores contemporâneos, como Freeman e Nelson (guru da economia da tecnologia), que estudaram os fenômenos que também mobilizaram o pensador alemão. A intenção é investigar as transformações do capitalismo em momentos diferentes. O autor visita também nomes como Keynes, Minsky e Chesnais, que escreveram sobre a evolução no sistema financeiro.

    Capitalismo terá fim?

    O passo seguinte foi a sistematização dessas mudanças (ligadas, sobretudo, a tecnologia e finanças) para a compreensão das metamorfoses do capitalismo. “Nessa altura, a análise recai com mais ênfase no desenvolvimento histórico dos Estados Unidos, o caso clássico, e especulo sobre a perspectiva de mudança de hegemonia, a partir da ascensão da China”, conta Eduardo Albuquerque.

    Essa parte do livro é encerrada com a pergunta crucial: o capitalismo, com seus ciclos e as crises que se repetem, terá um fim? Segundo o autor, o sistema se alimenta de sua própria dinâmica, tem enormes flexibilidade e capacidade de se transformar. “A resposta, portanto, é que não há limite para o capitalismo. Muda o país hegemônico, e as mudanças têm sempre custo alto, porque surgem problemas novos, como os danos ambientais e à saúde das populações. Mas isso faz parte dessas transições”, comenta Albuquerque.

    Agenda Rosdolsky oferece também elementos para a discussão em torno de alternativas ao capitalismo, inserindo-se em um debate acadêmico sobre caminhos possíveis, como o “socialismo de mercado”. O livro faz uma resenha desse debate e um balanço das experiências socialistas, concentrado no emblemático totalitarismo stalinista. “É preciso reforçar que o sonho virou pesadelo, para que possamos nos distanciar dessa experiência”, ressalta Albuquerque, professor de economia da ciência e da tecnologia e de economia política contemporânea.

    Os sistemas de inovação são mencionados pelo autor como germes visíveis do socialismo porque não surgem a partir do mercado, dependem mais de arranjo complexo envolvendo empresas, governos, universidades e outras instituições. Quando cita aspectos da evolução do sistema de finanças que permaneceriam, Albuquerque lembra o debate emergente sobre nacionalização de bancos, abrigado por veículos como o The New York Times, e o fato de que quase metade das ações das empresas dos Estados Unidos está nas mãos dos fundos de pensão de trabalhadores.

    Os outrose Pl
germes são o sistema de bem-estar social e a própria democracia. “Parto do princípio de que 200 anos de lutas e conquistas sociais certamente deixarão heranças para um futuro que só poderá ser fruto de uma decisão global e democrática”, completa o professor da Face e do Centro de Desenvolvimento anejamento Regional da UFMG (Cedeplar).
LANÇAMENTO DA

Nenhum comentário: