quinta-feira, 24 de maio de 2012

Exposição de Leo Ayres reúne registros imaginários de uma espera e cria estratégias de sedução





Fortaleza, 21 de Maio de 2012 - O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 - Centro - fone: (85) 3464.3108) abrirá na próxima sexta-feira, 25, às 20 horas, a exposição individual "Deixe as luzes acesas", do artista visual carioca Leo Ayres, com curadoria de Luiza Interlenghi. Com entrada franca, a mostra ficará em cartaz até 08 de julho deste ano (horários de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; e aos domingos, de 12h às 18h).




Deixe as luzes acesas (texto da curadora Luiza Interlenghi)



 Cada mar tem seu farol. A intermitência das marés e a força do vento
insistem em fazer e desfazer desenhos nas dunas do litoral. Por um
 momento, o brilho noturno do Farol do Mucuripe, há muito apagado,
volta a iluminar a cidade de Fortaleza, poeticamente refletida na galeria
do Centro Cultural do BNB. A linha da orla da Beira Mar é traçada por
Leo Ayres com um chão de espelhos que o brilho tênue de uma pequena
réplica do farol vem a iluminar.

Nesta mesma paisagem, certas luzes que pontuam a noite do Rio de
Janeiro, onde vive o artista, reaparecem em desenhos, mapas e vídeos,
como um duplo, um improvável espelhamento. Mapas - do Rio ou
Fortaleza - traçam rotas possíveis em cada uma das cidades. Por
vezes, evocam deslocamentos solitários. Mas, nas dobras de seus
labirintos, também levam aos encontros.

A excitação desses encontros produz fagulhas no escuro, que o artista
 registra em desenhos com perfurações feitas com agulha. A cada
 ponto alguma luz atravessa o papel negro.  Na série Ritmo da noite, o
 artista captura, com o lápis opaco, brilhos de um globo de espelhos,
 como se elaborasse uma partitura para suas fugazes aparições.

Até que ponto a trilha que anima o jogo de luz das casas noturnas
 cariocas coincide com a pulsação da noite de uma cidade
desconhecida?  Os vídeos Discoteca de Mão e Strangers in The Night,
de ações com objetos de espelho criados pelo artista, observam a
aproximação de desconhecidos, na intermitência da penumbra e na
ausência da palavra. Ambos sugerem o quanto essa delicada atividade
noturna cria seus próprios traçados urbanos. Deixe as luzes acesas
reúne registros imaginários de uma espera e cria inesperadas
estratégias de sedução, como um encontro às cegas.

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