segunda-feira, 12 de março de 2012

Exposições marcam os 25 anos dos ateliês do Museu da Gravura de Curitiba




Os museus da Gravura e da Fotografia de Curitiba, instalados no Solar do Barão, inauguram novas exposições nesta terça-feira (13), às 19h, com um convite ao público para mergulhar na criatividade de artistas que transitam pelo universo dos elementos visuais. A programação, que abre o calendário de atividades desses espaços mantidos pela Fundação Cultural de Curitiba, tem entrada franca e pode ser conferida até o dia 20 de maio de 2012.
As salas do Museu da Gravura de Curitiba abrigam mostras com diferentes propostas, entre elas “Ateliês no Tempo” e “Múltiplos Ateliês”, que comemoram os 25 anos dos ateliês do Museu da Gravura; ao lado de “Derrapagens”, da gaúcha Regina Silveira; “Hacklab Solar”, de Guilherme Soares e Simone Bittencourt; “Videomódulos e Planopinturas Iconográficas”, de Tony Camargo; e “Era uma vez...”, com histórias em quadrinhos de Fúlvio Pacheco.
No Museu da Fotografia de Curitiba o cartaz é “5 Lagos”, uma proposta artístico-curatorial de Claudia Washington e Lúcio de Araújo, com montagem de Janice Martins Sitya Appel. E, na Loja da Gravura, acontece a exposição “Museu da Gravura em Ensaio”, da fotógrafa Priscila Forone, que registra em 13 imagens detalhes das marcas deixadas pelos artistas que ocuparam, ao longo do tempo, o Museu da Gravura.

Vinil nas paredes – A artista plástica gaúcha Regina Silveira, um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira, consagrada não apenas no Brasil, mas também no exterior, responde pela exposição “Derrapagens”. Na elaboração da mostra, a artista partiu de fotografias de modelos de pneus para gerar imagens digitais de grande formato, posteriormente executadas como recorte de vinil adesivo e coladas sobre as paredes da sala de exposição.
A obra resultante simula vestígios de pneus de automóveis e motocicletas, como se tivessem passado pelas paredes num espaço isento de gravidade. As trilhas de pneus se sobrepõem e se atravessam, insinuando movimento aleatório e imprimindo efeito de temporalidades diversas, de automóveis que passam pelo mesmo caminho em momentos e rotas distintos.
Completa a exposição a peça “Derrapando”, maquete da obra apresentada no Centro Cultural Espanha (Montevidéu / Uruguai), em 2004. Produzidas desde os anos 1980, as maquetes das intervenções arquitetônicas já realizadas por Regina, no Brasil e no exterior, são, de acordo com a própria artista, um modo de “sonhar a permanência de obras que desapareciam quase sempre em um par de meses, ou pouco mais”.
A curadora da exposição, Regina Kaminski, formada em Artes Visuais e doutora em História, destaca que, nas intervenções criadas especialmente para dialogar com o Museu da Gravura, “há também a impressão de ordem e regularidade nos percursos insinuados pelas motocicletas de brinquedo das Snakes, articulando, no conjunto, o caos e a organização que paradoxalmente compõem o trânsito urbano, o movimento repetitivo e o acidental, o labiríntico, o trajeto individual e o coletivo”.
Antecedendo a abertura de “Derrapagens”, Regina Silveira comanda, às 17h, na Sala Scabi do Solar do Barão, uma conversa com o público sobre sua produção artística, desenvolvida há mais de quatro décadas. Nascida em Porto Alegre (RS), em 1939, Regina Silveira é artista intermídia, com incursões pela pintura, desenho e gravura. Tendo estudado com grandes nomes das artes plásticas, também lecionou em instituições brasileiras e estrangeiras. Desde os anos 60 exibe sua obra em numerosas mostras individuais e coletivas, em todo o mundo.
Entre as diversas premiações obtidas por Regina Silveira estão os prêmios Sergio Motta para Arte e Tecnologia (2000), Bravo Prime de Artes Plásticas (2008), Artes para Pintura/Vida e Obra da Fundação Bunge (2009), e o Grande Premio da Crítica da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte (2011).

Caminho da gravura – Os ateliês do Museu da Gravura de Curitiba completam 25 anos de existência como importante espaço público para o conhecimento, acesso e desenvolvimento de trabalhos nas técnicas da arte da gravura. Para marcar a data, acontece a exposição “Ateliês no Tempo”, que reúne obras de diversos artistas que trabalharam ou ministraram cursos e palestras naqueles locais. As obras pertencem ao acervo municipal.
As técnicas milenares da gravura – xilogravura, gravura em metal, litografia e serigrafia – foram alguns dos meios responsáveis pela transmissão de conhecimento, em diferentes períodos da história da humanidade. Embora acrescidas de métodos mais ágeis de reprodução, desde o início do século XX, tais técnicas permanecem em atividade como meio de expressão artística, fazendo com que artistas continuem a utilizá-las, reafirmando seu espaço na arte contemporânea.
“Acompanhando tendências da arte mundial através dos tempos, manifestações envolvendo gravura dilataram-se e continuam a discutir questões de interesse atual, pois a expansão da arte para outros campos do conhecimento não desabilita referências anteriores, mas transforma-as ao atualizar suas funções”, destaca Ana González, coordenadora do Museu da Gravura de Curitiba.
Para ela, “a existência dos ateliês do Museu da Gravura é a garantia de acesso às origens da gráfica atual, tão cara à arte de hoje, profundamente contaminada e mediada pela informação e pela imagem. Os ateliês são parte viva do Museu da Gravura Cidade de Curitiba, um espaço no qual se conserva a memória de um processo de conhecimento continuamente renovado”.

Memória artística – Outra exposição diretamente ligada à gravura, em nossa cidade, é “Múltiplos Ateliês”, que apresenta obras encartadas no livro “Solar da Gravura – 25 Anos dos Ateliês do Museu da Gravura Cidade de Curitiba”, com lançamento na abertura da mostra, nesta terça-feira (13). Participam do projeto os artistas Fernando Rosenbaum, Denise Roman, Rettamozo, Lahir Ramos, Eliane Prolik, Nelson Hohmann, Carlos Henrique Tullio, Glauco Menta, Ana González e Helio Fervenza.
A publicação, incentivada pelo Programa de Apoio e Incentivo à Cultura – PAIC da Prefeitura de Curitiba, é composta por textos realizados a partir de pesquisa historiográfica sobre a trajetória dos ateliês, vivenciada pelos autores Ana González, Andréia Las, Artur Freitas e Maria Ivone dos Santos. A obra foi idealizada plasticamente como um "livro de artista” e inclui uma série de intervenções, encartadas no livro em forma de lâminas avulsas. Na quarta-feira, 14 de março, às 19h, os autores conversam com o público, em encontro na Sala Scabi do Solar do Barão, com entrada franca.

Cultura digital – O público terá oportunidade de conhecer o “Hacklab Solar”, uma espécie de laboratório de pesquisas sobre cultura digital e uso criativo de tecnologias, instalado no Solar do Barão desde novembro de 2011. O laboratório funcionará temporariamente numa das salas do Museu da Gravura, durante o período de execução do projeto nacional “Jardins de Volts”, contemplado com o Prêmio de Cultura Digital 2010 do Ministério da Cultura.
O Hacklab Solar é um dos três núcleos desse projeto, desenvolvido também em Cachoeira (BA) e Olinda (PE). O Hacklab Solar é coordenado pelos pesquisadores Guilherme Soares e Simone Bittencourt, que têm recebido o público para o acompanhamento de suas pesquisas e oferecido oficinas intituladas “Introdução à Computação Poética”.

Pesquisas artísticas – Em “Videomódulos e Planopinturas Iconográficas”, o artista plástico Tony Camargo apresenta duas séries de trabalhos que constituem pesquisas artísticas paralelas. Sua proposta é instigar a reflexão sobre a autonomia do trabalho de arte. O artista se propõe a apresentar várias “unidades neutras”, mas concorda que duas pesquisas formais distintas podem estar em busca de um mesmo sentido.

Marcas nos ateliês – O Museu da Gravura é tema do ensaio fotográfico realizado pela fotógrafa Priscila Forone. As 13 imagens apresentadas na exposição põem em foco detalhes das marcas deixadas pelos artistas nos ateliês, ocupado durante mais de 20 anos para a produção de gravuras. Na mostra “Museu da Gravura em Ensaio”, a presença física do Museu é incorporada às fotografias pela utilização de chassis de matrizes de serigrafia, utilizados por diversos artistas durante anos, como moldura para as imagens.

Quadrinhos – Fúlvio Pacheco apresenta a série inédita de quadrinhos “Era uma vez...”. A exposição é mais uma oportunidade de conhecer os personagens criados por um dos cartunistas mais atuantes do Paraná. Autor das revistas “Kika”, “Fantasias Urbanas” e “Lobo da Estrada”, Fúlvio Pacheco é quadrinista, grafiteiro, professor de quadrinhos na Gibiteca de Curitiba, na biblioteca da Praça do Japão e no Centro Guido Viaro, e professor de arte em várias instituições de ensino.

Proposta artística – O Museu da Fotografia abriga a exposição “5 Lagos”, uma proposta artística dos fotógrafos Claudia Washington e Lúcio de Araújo, com montagem de Janice Martins Sitya Appel. As imagens, resultado de um trabalho realizado na fronteira entre Brasil e Paraguai, são apresentadas em cinco ambientes distintos: Travessia, Anunciación, Rádio Marangatu, Vila C e Outras Palavras.
No dia 14 de março (quarta-feira), às 17h, Janice Appel fará uma palestra sobre “Montagem e Museografia em Artes Visuais: Poéticas e Espaço Expositivo”, quando tratará do projeto “5 Lagos” e a montagem para o Museu da Fotografia Cidade de Curitiba. No dia 15 de março (quinta-feira), às 19h, será lançado e distribuído o livro “Rohayhu/Todavia” e realizada a palestra “Desencadeamentos Poéticos em 5 Lagos”, com Claudia Washington e Lúcio de Araújo. Essas duas atividades também fazem parte da Semana dos Museus.

Serviço:
Exposições no Museu da Gravura Cidade de Curitiba e no Museu da Fotografia Cidade de Curitiba (Solar do Barão – Rua Carlos Cavalcanti, 533 – Centro)
Data e horário: abertura às 19h do dia 13 de março (terça-feira), permanecendo até o dia 20 de maio de 2012.
Relação das exposições: “Derrapagens”, “Ateliês do Tempo”, “Múltiplos Ateliês”, “Era uma vez...”, “Hacklab Solar”, “Videomódulos e Planopinturas Iconográficas”, “5 Lagos”, “Museu da Gravura em Ensaio”
Horário de visitação: de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h
Entrada franca

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma ressalva: O nome da artista plástica é Regina Silveira, mas o da curadora é Rosane Kaminski (de Curitiba)...