Sândalo
de Sergito de Souza Cavalcanti
Formato : 14x21
Páginas : 240
O LIVRO
Inspirado pelo sândalo – na Índia uma árvore sagrada, da qual se extraem óleos aromáticos e madeira para a produção de incenso –, Sergito de Souza Cavalcanti nos oferece lições de espiritualidade, cuja essência reconforta e perfuma a alma. “Seja como o sândalo, que perfuma o machado que o fere.” Foi nesta recomendação, atribuída a Buda, que o autor encontrou e desenvolveu, neste livro, excelentes referências ao amor e à esperança, capazes de dissolver a tensão, as perdas, os sofrimentos e as desilusões. Se você pretende rastrear a felicidade, basta seguir, agora mesmo, a agradável e inconfundível flagrância de Sândalo.
O AUTOR
Nasceu na cidade de Malacacheta, Estado de Minas Gerais, é casado com Maria Natividade Cavalcanti e pai de três filhos: Scheila, André e Pedro Sérgio. Considera a família o seu maior patrimônio, “uma dádiva de Deus”. Orador inspirado, expressa, na tribuna, a crença que abraçou em 1970, época em que começou a frequentar o Grupo Espírita Irmã Sheila, na cidade de Belo Horizonte (MG). Sentindo os benefícios que a assistência espiritual lhe proporcionava, motivou-se a divulgar o Espiritismo. Aprofundou-se no estudo das Obras Básicas de Allan Kardec, detendo-se com especial atenção em O Evangelho segundo o Espiritismo e nos livros psicografados por Francisco Cândido Xavier. Presidente do Conselho de Representação da Assembléia do Grupo Espírita de Fraternidade Albino Teixeira (Gefrater), sediado em Belo Horizonte, também é conselheiro do Grupo Fraternidade Eterna, da cidade de Inhaúma (MG) –, entidades nas quais atua na área de ensino e assistência espiritual. Fundou a Fraternidad Espírita José Grosso, na cidade de Córdoba, na Espanha.
SAiba mais
AMOR AOS INIMIGOS Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, diz: “Se o amor ao próximo é o princípio da caridade, amar aos inimigos é a sua aplicação sublime, porque esta virtude é uma das maiores vitórias alcançadas sobre o egoísmo e o orgulho”. Em um momento inspirado do Sermão da Montanha, Jesus disse: “Ouviste o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem e caluniam” (Mt 5: 43-44). Nosso Mestre não quis dizer, por essas palavras, que se deve ter pelo inimigo a ternura que se tem para com um irmão ou amigo. A ternura supõe confiança naquele que sabemos nos querer bem. Entre pessoas que desconfiam uma das outras, não poderá haver os laços de simpatia que existem entre aqueles que estão em comunhão de pensamentos. Não se pode, enfim, ter o mesmo prazer ao se encontrar com um inimigo do que com um amigo. Mas, amar os inimigos é não ter contra eles ódio, rancor, ou desejo de vingança. É perdoar-lhes, sem segundas intenções e incondicionalmente, o mal que nos fazem; é não pôr nenhum obstáculo à reconciliação, é desejar-lhes o bem em lugar do mal. Quem alimenta ódio contra os inimigos e procura pagar-lhes o mal, também com o mal, infringe, com essa atitude danosa, mais malefícios a si mesmo do que se pode causar a eles. Tratemos de aprender a ver, naqueles que não nos querem bem, não inimigos, e sim, benfeitores. Aqueles são, na maioria, ignorantes, verdadeiros analfabetos espirituais que ainda “não sabem o que fazem” e, por isso mesmo, requerem nossa piedade e oração. O irmão que nos inspira os sentimentos de ódio constitui o meio e a oportunidade que Deus nos dá, para regenerarmo-nos do mal que tenhamos feito. Não há nenhuma vantagem em só amarmos os que nos amam. Em Lucas, encontramos: “Porque se somente amardes os que vos amam, que recompensa tereis disso? Os criminosos e malfeitores também amam aqueles que lhes são caros” (Lc 6:32-33). Estudar e, principalmente, vivenciar os ensinamentos do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo é o roteiro seguro para alcançarmos o caminho à nossa perfeição. Sem amor, nada seremos. Amemos incondicionalmente o irmão, o amigo e, até mesmo, o inimigo. Nada é mais grandioso, mais lindo, mais transcendental que o amor. Por isso, disse-nos Jesus: “Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem” (Jo 13:35). 2 AMOR E DESPRENDIMENTO Prestar auxílio a quem solicita é lei divina. É verdade que nem sempre estamos em condições de satisfazer todos os pedidos solicitados. No entanto, quando as solicitações forem justas, com um pouco de boa vontade e bom coração, sempre encontraremos meios de atender à maior parte delas em nome do Senhor. É importante também não virarmos as costas a quem solicita algum empréstimo, algo nem sempre fácil, por conta do apego que temos às “nossas coisas”. Jesus nos convida a ir mais longe: “Se alguém tirar o que é nosso, não devemos ir reclamá-lo de volta” (Lc 6:30). Deixe ir tudo, contanto que o irmão esteja satisfeito e nós permaneçamos na inalterável paz espiritual. Afinal, que temos nós na terra, a não ser nossos dons espirituais, morais e intelectuais? Todo o resto é empréstimo que a Providência Divina nos concedeu porque: “Nada temos trazido para o mundo, nem cousa alguma, poderemos levar dele” (Tm 6:7). Lembremo-nos de que Deus se doa a todos – bons e maus, santos e criminosos, evoluídos e atrasados. O exemplo divino: “Sede perfeitos, como perfeito é vosso Pai Celestial” (Mt 5:48) é a maior lição legada à nossa individualidade, e temos de seguir esse exemplo, se quisermos atingir o Pai que habita dentro de nós, unificando-nos a Ele. A prática da caridade, em sua mais ampla acepção, constitui o único caminho para a conquista da perfeição. E essa só é atingida quando o coração se vê despojado de toda e qualquer mácula de rancor, ódio e ressentimento para com o seu semelhante. Um dia, todos seremos perfeitos, pois em nós reside o germe de todas as virtudes que, em tempo propício, desenvolver-se-á em função de nosso livre-arbítrio. Estudar e, principalmente vivenciar os ensinamentos do Evangelho de Jesus, é o roteiro seguro para alcançarmos o caminho à nossa perfeição. Toda a trajetória de nossa vida nos leva ao amor, e o amor nos leva a Deus. Essa trajetória chama-se “evolução”. Sem amor, nada seremos. Amor incondicional: ao irmão, ao amigo, e, até mesmo ao inimigo. Nada é mais transcendental que o amor. “Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem” (Jo 13:353). 3 A AUTORIDADE DOS PAIS Indício infalível da verdadeira autorrealização é a mansidão. O homem espiritualizado é, por conseguinte, manso. “Aprendei de mim”, disse Jesus, “que sou manso e humilde de coração” (Mt 11:29). Quando o homem avança decisivamente, rumo à evolução espiritual, compreende que toda violência física e mental é sinal de fraqueza. Para o homem inexperiente e profano, constitui-se a violência, a força suprema por excelência, pois ainda ignora as forças espirituais. Ser manso é ser pacífico, saber dominar-se, ser cordato. O Salmo de Davi, diz: “Os mansos herdarão a terra e deleitar-se-ão na abundância da paz” (Salmos 37:1). Mesmo em instituições respeitáveis e no recesso dos lares, homens há que, para ocuparem os primeiros lugares, ou poderem dizer “aqui mando eu”, não hesitam em constranger companheiros e tiranizar familiares, pondo em evidência o espírito agressivo que os caracteriza. Exercer a autoridade paterna é necessário diante de nossos filhos, pois todo agrupamento necessita de um líder. Autoridade, no entanto, não é a tirania do poder absoluto e cruel. Com o autoritarismo, só conseguiremos a submissão cega, que fará de nossos filhos indivíduos tímidos, com forte sentimento de inferioridade, ou então, criaturas revoltadas e futuros tiranos. A educadora Tânia Zagury lembra-nos que: “é perfeitamente possível uma pessoa ser democrática e ter autoridade ao mesmo tempo”. O amor deve ser o grande fundamento da educação de nossos filhos. É sabido que a criança que não é amada não tem condições de amar. A maioria de nossos prisioneiros e de desajustados foram criaturas que não receberam amor e carinho de seus pais. É, portanto, pelo diálogo, que obteremos o sucesso que todos almejamos na educação de nossos filhos. Dizem alguns psicólogos que nossos rebentos são tão receptivos à conversação fraterna que até mesmo quando estão dormindo, a conversa ao pé do ouvido lhes faz bem. A disciplina é, portanto, compatível com o relacionamento maduro e afetivo. Amar é também impor limites aos filhos. É dizer “não” quando for preciso, explicando o porquê da proibição. Existe a necessidade da corrigenda e da proteção no trabalho da educação, mas, muito cuidado para não romper a linha que separa a autoridade do autoritarismo. Só assim, a criança será verdadeiramente corrigida, sem que se plante o pavor e a revolta em seu coração. Crianças que destroem brinquedos, objetos domésticos; estragam paredes; matam animais e plantas e explodem em birra, à menor contrariedade, devem ser corrigidas com pulso e autoridade pelos pais. Hilário Silva nos alerta: “Se no trato da natureza, a vida pede atenção, como entregar a criança a si mesma?” Não nos esqueçamos de eliminar a violência no trato com nossos filhos, pois ela não dura e nem deixa seguidores. Apenas a mansidão e a suavidade, que provêm do amor, permanecem. 4 VENCER O MAL COM O BEM As leis divinas proíbem rigorosamente a vingança. O verdadeiro cristão deve entender que os ensinamentos de Jesus ordenam a não resistência diante do mal. Ele mesmo iria, mais tarde, ratificar com o seu exemplo, deixando-se prender e assassinar “como um cordeiro diante de quem o tosquia” (Is 53:7; At 8:32). Jesus resistiu ao mal e este é o dever daquele que crê. “Ninguém deve resistir ao mal com o mal, mas vencer o mal com o bem”, aconselha-nos o apóstolo Paulo (Rm 12:21). O bem é o único antídoto do mal. Jamais devemos revidar um mal com outro mal. Ao contrário, quando recebermos ofensa moral ou material, temos de retribuí-la com um benefício, nem que seja com uma prece em favor do ignorante, que não sabe que “quem faz o mal, a si mesmo o faz”. Infeliz o homem que não sabe perdoar. Nosso Mestre nos fala em oferecer a outra face quando nos esbofeteiam, isso porque há mais mérito em não revidar, do que em agredir. O murro da cólera somente surge quando a razão é afastada. Somente a calma e o equilíbrio do agredido conseguem atenuar os desequilíbrios procedentes da falta de controle do agressor. O único recurso para conter um homem desvairado é conservar-se em atitude de não violência, sem deixar-se cair no mesmo nível vibratório dele. Portanto, na recomendação do Cristo, não há covardia, nem convite à fraqueza, mas sim, apelo à superioridade que as pessoas ignorantes ainda desconhecem. O homem profano acredita, em razão de sua curta visão espiritual, que há mais coragem em vingar-se do que em suportar um insulto. A justiça de Deus dispensa o concurso da nossa vingança, pois o agressor terá contra si os efeitos do mal que praticou. Maior glória terá o cristão de ser ofendido do que ofender, de suportar uma injustiça do que praticá-la. Se nos obrigarem a andar uma milha com nosso desafeto, caminhemos duas. No caminho, tudo poderá acontecer, uma vez que teremos tempo necessário para meditar, exercitar nossa paciência e aplicar sentimentos de tolerância e fraternidade. 5 O SEXTO MANDAMENTO O sexto mandamento contido no famoso decálogo, recebido por Moisés, prescreve: “Não matarás” (Dt 5:17). Ninguém tem o direito de tirar a vida de seu semelhante. O “não matarás” aplica-se também ao ato de comprometer a vida de alguém, semeando a desolação, a dor, a viuvez, a orfandade, a miséria e a revolta. É importante, também, não matar muitas outras coisas que fazem parte do cotidiano. Há indivíduos que são incapazes de matar uma mosca, contudo, não hesitam em liquidar reputações alheias, a harmonia que reina num lar, a esperança de um doente ou a doce fraternidade que existe entre irmãos. Essas são mortes morais e nosso Mestre ensina que sofrerá rudes consequências quem as causar. Há também os que entendem que o “não matarás” significa apenas respeito à integridade do próximo e imaginam que seja permitido a eles, desfazer-se da própria vida, diretamente ou indiretamente, por meio da gula e dos vícios de toda ordem, como: tabagismo, alcoolismo, toxicomania, luxúria, etc. Laboram em erro, pois o suicídio é sempre uma violação do sexto mandamento, ainda que busquem os mais belos ou mais fortes motivos para justificá-lo. A eutanásia, tida por alguns como piedosa, e que se resume em pôr fim à angústia do padecente, trata-se, na verdade, de covarde homicídio, contrária, pois, à lei de Deus. Pratica também homicídio, quem aborta, permite ou colabora com sua execução. Quem se magoa, permanecendo ressentido e sem perdoar, não esquecendo a ofensa, embora fique calado, perde a sintonia interna com Deus, que é amor. Também quem se ofende e exterioriza sua ira, lançando ao adversário epítetos caluniosos, torna-se culpado, porque a calúnia espalhada não mais pode ser desfeita e o prejuízo causado não consegue ser remediado. O ato de homicídio, propriamente dito, tem suas raízes na ira, na hostilidade ou no desprezo por outrem. Jesus referiu-se à ira e ao insulto, como sendo crimes: “Eu porém, vos digo que todo aquele que, sem motivo, irar-se contra seu irmão, estará sujeito a mandamento no tribunal; e quem chamar-lhe tolo estará sujeito ao inferno de fogo” (Mt 5:22). Sentimentos de ira e de desprezo são tão perigosos quanto os crimes propriamente ditos, pelos quais uma pessoa é levada aos tribunais, ou considerada merecedora do inferno. Isso não quer dizer que é tão errado matar quanto ter maus sentimentos ou má vontade para com outra pessoa. É melhor controlar as emoções violentas, antes que resultem em homicídio, que deixá-las correr livremente o seu curso. 6 DESAPEGO Um dos maiores obstáculos à nossa evolução tem sido, sem dúvida alguma, o apego às coisas materiais. Se queremos a perfeição, precisamos nos desvencilhar de toda carga externa, de todas as posses, pois, “todo aquele que dentre vós, não renunciar a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo” (Lc 14:33). Sabemos que na fase evolutiva, na qual nos encontramos, é difícil desapegarmos totalmente de todas as coisas da terra. Entretanto, é bom que nos conscientizemos, o mais rápido possível, que temos de, aos poucos, nos desvencilhar de todas as posses, sejam elas grandes ou pequenas. É lógico que Jesus ao dizer: “desfazei-vos de todos os vossos bens e segui-me” (Mt 19:21), não pretendia estabelecer, como princípio absoluto, que cada um devesse despojar-se de suas posses, tampouco afirmar que pela salvação paga-se esse preço, mas simplesmente mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo a quem deseja salvar-se. A acepção rigorosa dessas palavras proferidas por Jesus originou a interpretação de que toda fortuna deve ser abolida, por ser nociva à felicidade futura, tanto quanto o trabalho exaustivo que a produz. Portanto, tais palavras tomadas ao pé da letra criariam significados absurdos e conduziriam o homem à vida selvagem, estabelecendo oposição à lei do progresso, cuja autoria é divina. O desapego proposto por Jesus significa “possuir sem ser possuído”. Podemos e devemos trabalhar muito, procurando sempre a melhoria econômica, mas convictos de que o verdadeiro tesouro é o que advém de nossos atos. Podemos possuir muitos bens e não sermos possuídos por eles, e ainda, com o que nos sobrar, ajudar o progresso do país e nossos semelhantes. Se estamos sinceramente comprometidos com o progresso e com nosso crescimento interno, é bom que desde já nos desvencilhemos de todos os bens externos, porque esses atrapalharão a viagem que, em breve, faremos ao mundo espiritual. O excesso de querer vem desequilibrando muitas pessoas, e essas não entendem que a verdadeira felicidade não decorre de maior ou menor quantidade de bens materiais acumulados. O homem deve possuir de seu, somente o que puder levar deste mundo. O que encontra ao chegar e o que deixa ao partir, restringe-se a sua permanência na terra. Usufruir de bens não significa ter posse real e efetiva. Tesouros terrenos não são transportados na hora da morte. Portanto, a felicidade desconsidera o fato de se possuir ou não possuir bens materiais, mas valoriza a atitude interna de não ser dominado pelo sentimento de posse. 7 ATIRE A PRIMEIRA PEDRA A tendência do homem é acusar e condenar os outros, em vez de olhar para os próprios defeitos. É colocar-se numa atitude de superioridade e, do alto de seu orgulho, apontar pecados alheios e pedir para eles a sentença da condenação. Ouve-se por aí, a expressão: “ele está errado e eu é que estou certo”. Quem somos nós para julgar os outros? Para apedrejá-los com acusações descaridosas? Deixemos a Deus o julgamento e aprendamos, por meio do exemplo de Jesus, a não condenar o erro e salvar quem errou. Quando alguns fariseus e escribas, repletos de ódio e despeito, acusaram a mulher adúltera, exigindo seu apedrejamento, o Mestre ergueu-se e disse: “O que está puro entre vós atire a primeira pedra” (Jo 8:7). Com essa postura, devolveu a eles o julgamento da mulher adúltera. A lei de Moisés previa o apedrejamento da mulher flagrada em adultério. A indagação daqueles fariseus, se deviam ou não apedrejar a adúltera, era uma autêntica cilada. Se o Mestre sentenciasse: “Podem apedrejá-la”, estaria negando todos os ensinamentos misericordiosos de Sua doutrina. No entanto, se dissesse: “Não devem matá-la”, seria imediatamente acusado pelas autoridades, de infrator das Leis Mosaicas – o que, na época, constituía-se falta grave e verdadeira heresia. A cilada estava preparada. Surge, então, a sabedoria do Divino Mestre: nem manda que cumpram a lei do apedrejamento, nem se coloca contra ela. Em vez dessas duas alternativas, à primeira vista inevitáveis, lança-lhes um desafio: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra” (Jo 8:7). “E eles se foram, retirando-se envergonhados um a um, a começar pelos mais velhos” (Jo 8:8). Quanto mais evoluído é um espírito, maior é sua capacidade de perdoar. Quando perdoamos e amamos, somos envolvidos pelo amor, quando não perdoamos e odiamos, somos envolvidos pelo ódio. É uma lei imutável. Se semearmos perdão, colheremos tolerância. Reprovar, infelizmente, é a ação que mais praticamos. Condenar torna-se mais fácil que ser solidário. Aceitar o erro como um possível caminho para o acerto é muito difícil no tribunal injusto de nossa personalidade egoísta. Nossa tendência é sempre vermos o erro no outro e nunca em nós mesmos. Em vez de acusar, deveríamos estar prontos para entender a fraqueza de nosso semelhante, pois também nós erramos, e muito. Isso, conforme o que o próprio Cristo afirmou: “Quem estiver sem pecado, que atire a primeira pedra” (Jo 8:7). 8 A VERDADEIRA HUMILDADE A humildade é uma virtude importante na vida de todo cristão, pois é a antítese do orgulho. Entretanto, é bom convir que humildade nada tem a ver com humilhação. Podemos e devemos evitar que nos humilhem. O homem humilde, que não pensa em sobressair-se sobre os demais, está imune a sofrer humilhações. Sabendo ser humilde, entenderá perfeitamente seu ofensor e assim não sofrerá tanto. Em vez de julgar quem o humilhou, pensará que houve justiça, pois nada acontece por acaso. Se passarmos por humilhação, é de bom-senso aceitarmos calados, considerando o fato de também errarmos muito. É certo que não devemos ser masoquistas, com a finalidade de demonstrar que somos bons e imunes às humilhações, pois isso, talvez, revele pretensão e orgulho disfarçado. O homem evangelizado tem sempre vivas, na mente, as palavras de Jesus: “Pois todo o que se exalta será humilhado e o que se humilha será exaltado” (Lc 14:11). Essa sentença deve ser quase uma lei para todos que aspiram à libertação espiritual. Há quem entenda por homem humilde o pobre ou o pedinte. Puro engano. A humildade está no espírito e não nos poderes e nos bens temporais. A humildade é uma posição interior, não pode ser avaliada pelo ponto de vista econômico. Ser humilde é reconhecer nossa pequenez diante do universo e ter a consciência plena de que tudo pertence a Deus. Em razão disso, Jesus nos ensinou: “Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva, e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo” (Mt 20: 26-27). Portanto, é possível dizer que o homem verdadeiramente humilde é aquele que tem como norma de vida, o Evangelho de Jesus. Humildade é doçura, afabilidade e benevolência. É o oposto de egoísmo. As pilhas de uma lanterna são um bom exemplo de trabalho humilde, pois fazem luz sem que apareçam. O mesmo acontece com as raízes de uma árvore, que a alimentam e a sustentam, mas, no entanto, estão bem escondidas debaixo da terra. Os grandes, no mundo dos espíritos, serão os pequenos na terra. Quem é “o maior” que seja “o menor” de todos, pois, quem se exalta será humilhado e quem se humilhar será exaltado. Assim nos ensinou Jesus de Nazaré.
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segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Lançamento - Sândalo de Sergito de Souza Cavalcanti
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