Da diáspora: identidades e mediações culturais
de Stuart Hall
Liv Sovik (Org.)
Adelaine La Guardia Resende; Ana
Carolina Escosteguy; Cláudia Álvares;
Francisco Rudiger; Sayonara Amaral
(Tradução)
Coleção: Humanitas
2011. 410 p.
O LIVRO
Reúne textos de Stuart Hall, jamaicano radicado na Inglaterra, teórico das identidades culturais na modernidade tardia, com foco especial na dispersão e mistura do negro em outras culturas. Traz uma entrevista em que o pensador relata sua própria experiência e o que significou “para um caribenho negro como qualquer outro” conseguir escrever “sobre e a partir dessa posição”. Hall afirma que a política de identidade essencialista é uma luta importante, mas não necessariamente leva à libertação da dominação. Esta se constrói em várias frentes, em um território cultural amplificado, que inclui a vida cotidiana, a cultura popular e a cultura de massa.
SEU TRABALHO
O trabalho de Hall é centrado principalmente nas questões de hegemonia e de estudos culturais, a partir de uma posição pós-gramsciana. Hall concebe o uso da lingüagem como determinado por uma moldura de poderes, instituições, política e economia. Essa visão apresenta as pessoas como “produtores” e “consumidores” de cultura ao mesmo tempo. (A hegemonia na concepção de Gramsci refere-se à produção de consenso e não ao recurso exclusivo à coerção).
Hall tornou-se um dos principais advogados da teoria da recepção. Esse ramo da análise textual dá atenção à possibilidade de negociação e de oposição por parte da audiência no processo de recepção de um texto (compreendido como não apenas escrito, mas oral e visual). Isso significa que a audiência não é apenas uma receptora passiva de um texto. Sua recepção é um processo ativo, onde há negociação em torno da significação. O significado depende do contexto cultural da pessoa, fator que pode explicar porque alguns aceitam uma forma de leitura de um texto que outros rejeitam.
Hall desenvolveu ainda mais essas idéias à frente em sua carreira, com seu modelo de codagem/decodagem do discurso midiático. Segundo esse modelo, o significado de um texto situa-se em algum lugar entre o produtor e o leitor. Embora o produtor codifique seu texto de uma forma particular, o leitor irá decodificá-lo de uma maneira levemente diferente – o que Hall chama de “margem de entendimento”.
Seus trabalhos – como os estudos sobre preconceito racial e mídia – são considerados muito influentes e fundadores dos contemporâneos estudos culturais.
Pode-se notar a influência de Hall sobre o Partido Trabalhista do Reino Unido, embora o próprio recuse a associação. Hall escreveu muitos artigos para a revista teórica do partido comunista da Inglaterra, “Marxismo Hoje”, nos quais contestou visões clássicas da esquerda sobre o mercado e o conservadorismo político. Seu discurso teve um impacto profundo no Partido Trabalhista sob Neil Kinnock e Tony Blair, especialmente porque boa parte daqueles em volta dos dois líderes chegaram à maturidade política quando do auge do “Marxismo Hoje”.
Contudo, Hall vê-se a si mesmo como mais distanciado do Partido Trabalhista do que nunca. Telespectadores britânicos conhecem-no por seus comentários sensatos sobre as questões que se colocam atualmente no país envolvendo uma sociedade acentuadamente multi-cultural. Hall apresenta o programa “Politicamente Incorreto” na CNBC. Embora menos conhecido na América Latina, Hall é muito respeitado na Europa e na América do Norte.
O AUTOR
Stuart Hall (Kingston, 3 de fevereiro de 1932) é um teórico cultural jamaicano que trabalha no Reino Unido. Ele contribuiu com obras chave para os estudos da cultura e dos meios de comunicação, assim como para o debate político.
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