O frio e a chuva não atrapalharam a animação do Curitiba 12 Horas, que aconteceu simultaneamente no Bairro Novo e no Cajuru, no último sábado (8), reunindo diversas atrações culturais. O ponto alto da programação foi o show dos Mutantes, que levou 2.500 pessoas ao Parque do Semeador, no Bairro Novo. Entre moradores da região e pessoas vindas de outros bairros da cidade e de municípios vizinhos era grande a expectativa para ver uma das mais tradicionais bandas de rock do Brasil.
A proposta do Curitiba 12 Horas é descentralizar a cultura. O projeto foi concebido pela Fundação Cultural de Curitiba, e realizado pela Homem de Ferro Produções Artísticas, por meio de edital do Fundo Municipal da Cultura. Foram doze horas de muita música, teatro, literatura, dança, circo, artes visuais e diversas outras atividades. Muita gente não acreditava na ousadia de colocar Os Mutantes para tocar no Parque do Semeador, no Bairro Novo, um local totalmente diverso dos tradicionais endereços de shows. Mas a experiência foi vitoriosa, reunindo gente vinda de todos os lados da cidade.
Sérgio Dias, vocalista e líder do grupo, destacou que valeu a pena a viagem de 16h, empreendida desde Las Vegas (EUA), para estar presente nesta grande festa cultural. “É uma honra encerrar um evento dessa natureza, no qual a multiplicidade de linguagens culturais é de grande importância”, disse. Apaixonado por Curitiba, o cantor lembrou que a promoção de colocar a música perto do público mais uma vez destaca a cidade: “O rock não gosta de salto alto”, enfatizou.
Integrante do Blindagem, um dos grupos musicais mais conhecidos da cidade, Paulo Juk comemorou o Curitiba 12 Horas. “Curitiba precisa disso: o artista deve ir onde o público está”, declarou o músico que quer transformar o evento em uma tradição curitibana, devido à diversidade de linguagens abrangidas. Outro entusiasta do Curitiba 12 Horas, Fábio Elias, vocalista do Relespública, contou que nunca havia se apresentado no Bairro Novo e aprovou a iniciativa: “Estava demorando a acontecer algo assim. Curitiba é multicultural e merece mais do que 12 horas. Precisamos fazer uma virada cultural!”, propôs.
O estudante Cidnei Batista, de 18 anos, morador do bairro Mercês, reuniu um grupo de amigos e chegou por volta das 14h ao Parque do Semeador, para assistir aos shows dos Mutantes, do Blindagem e do Relespública. “Ver os Mutantes na minha cidade é uma satisfação imensa. Eu não poderia perder. Todas essas bandas são a essência do rock. O fato do show acontecer no Bairro Novo não atrapalha em nada. Quem gosta de boa música vai onde for preciso”, afirmou.
“Essa proposta é maravilhosa. Eu acompanho as bandas locais e acho que esse projeto é fundamental para apoiar o trabalho dos músicos”, disse a estudante Mariana Isabela de Barros, de 19 anos, de São José dos Pinhais, que foi ao Bairro Novo com a irmã Amanda Caroline e com a amiga Natália Helena Mussato. Para acompanhar todos os shows, elas chegaram ao Parque do Semeador às 8h30 da manhã, com a intenção de ficar até o final da programação, que se encerrou por volta das 23h. Mariana conta que acompanhou toda a movimentação em torno do Curitiba 12 Horas pela internet e a primeira notícia que teve do evento foi na comunidade dos Mutantes no Orkut.
O professor Márcio José Vassani Santos e sua noiva, Rita Maristela Conci, foram ao show dos Mutantes movidos pela curiosidade de ver como o seria o show naquele local e como o público se comportaria. Moradores do Centro Cívico, disseram que estavam temerosos com a questão da segurança, mas ao chegar ao lugar ficaram impressionados com a organização. “Não imaginávamos que encontraríamos aqui essa estrutura”, disse Márcio.
Vocalista da banda Ervilhas Astrais, Fábio Yutiyamakawa foi um dos primeiros a se apresentar no Bairro Novo. “Participar de eventos como esse ajuda muito a divulgar o nosso trabalho”, comentou. A iniciativa do Curitiba 12 Horas também recebeu apoio de lideranças do bairro. “Eventos como esse têm que acontecer com mais freqüência. É uma ótima oportunidade para reunir os jovens da nossa região”, disse Adalberto Dalezio Difert, presidente da Associação dos Moradores da Melhor Idade.
Para Ângelo Gomes de Almeida, presidente da Associação dos Moradores da Vila União, a cultura é um componente fundamental para a formação dos jovens. “Se todos os jovens fossem educados através do teatro e da música, pouca coisa ruim aconteceria em nosso bairro”, afirmou. Ângelo de Almeida lembra que os Mutantes e o Blindagem são bandas do seu tempo. “Jamais poderia imaginar que um dia eles estariam tocando aqui tão perto de casa”, disse.
Dona Terezinha, moradora do Bairro Novo, contou que foi para ver somente os talentos locais. Integrante de um grupo da terceira idade, ela elogiou a programação: “Está tudo lindo, com muita organização”. Para Tiago, atendente de telemarketing, de 25 anos, “tudo que é diferente causa estranhamento, mas tem que ser assim, explorar novos lugares para levar a cultura”.
A princípio de modo tímido, a comunidade da Regional Cajuru foi chegando para descobrir o que estava preparado para aquele sábado cultural. O grupo de jovens amigos, formado por Renan Souza Machado, Rafael Gomes de Souza, Luiz Henrique de Camargo Pinheiro e Welliton Martins de Lima, chegou cedo para acompanhar todas as atrações. Com sorrisos amplos, ouvidos e olhos atentos, a garotada se divertiu com a sequência de shows que contemplaram muita música e dança. “Queremos ver tudo!”, era a expressão mais ouvida entre eles. Moradores das proximidades do Parque dos Peladeiros, os garotos contaram que antes não tinham visto nada igual naquele espaço. Tentando reconhecer os componentes das várias bandas que levaram ao palco a sua produção musical, a turminha aprovou a iniciativa.
terça-feira, 11 de maio de 2010
Sucesso do Curitiba 12 Horas mostra valor da produção cultural local
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