A MULHER FOGE
de David Grossman
Tradução
George Schlesinger
Páginas - 656
Orah e Avram (Abrão), os protagonistas deste romance, são nomes primordiais. Abrão, o nome do patriarca do judaísmo antes da aliança com Deus, e Orah, derivação feminina de "luz", a primeira entidade criada no Gênesis sobre o céu e a terra. E é no território do primordial que esse romance acontece, em meio a uma caminhada sem rumo pela Galileia.
Por temer receber a notícia da morte do filho, que serve no exército, Orah foge para o norte de Israel, levando consigo Avram, um amigo e antigo amante que conheceu quando jovem no setor de isolamento de um hospital e que, mais tarde, foi severamente torturado pelos egípcios na guerra de Yom Kipur, em 1973. A consequência dessa experiência, para ele, foi uma vida inteira de negação, frustração e niilismo. Para Orah, divorciada e sozinha, restou ser mãe de dois rapazes em Israel, onde os jovens servem no exército durante três anos e para quem morrer com uma bomba é um dever banal, diante da opção bem pior de que essa bomba exploda dentro de um ônibus. Orah, que deveria ser a mulher iluminada, não consegue encontrar mais em si mesma a luz necessária para compreender essa realidade e foge. Mas é na fuga que ela revela sua força.
Enfrentar a guerra e o medo; as divisões internas de Israel; o casamento e a separação; o passado e a recuperação de algum sentido na vida pelo encontro com a natureza e com o diálogo - os temas das conversas entre Orah e Avram são tão fundamentais quanto os nomes que protagonizam. Dentro de uma situação de conflito coletivo e duradouro, como conciliar as preocupações individuais de uma mãe que, afinal, prefere a companhia do filho à missão patriótica? Como manter a causa pacifista, se aqueles que podem atirar contra um filho são justamente aqueles com quem se quer fazer a paz?
É no limite de Israel e no limite de si mesmos que Orah e Avram descobrem um ao outro, a si próprios e a sua condição de israelenses irreversivelmente exilados. Viver em Israel, afinal, é viver em exílio permanente - estar sempre de fora da normalidade e ver o mundo a distância. Mas é também no fim da terra conhecida, na fronteira com o inimigo, que se pode restaurar alguns caminhos há tanto tempo bloqueados.
Por temer receber a notícia da morte do filho, que serve no exército, Orah foge para o norte de Israel, levando consigo Avram, um amigo e antigo amante que conheceu quando jovem no setor de isolamento de um hospital e que, mais tarde, foi severamente torturado pelos egípcios na guerra de Yom Kipur, em 1973. A consequência dessa experiência, para ele, foi uma vida inteira de negação, frustração e niilismo. Para Orah, divorciada e sozinha, restou ser mãe de dois rapazes em Israel, onde os jovens servem no exército durante três anos e para quem morrer com uma bomba é um dever banal, diante da opção bem pior de que essa bomba exploda dentro de um ônibus. Orah, que deveria ser a mulher iluminada, não consegue encontrar mais em si mesma a luz necessária para compreender essa realidade e foge. Mas é na fuga que ela revela sua força.
Enfrentar a guerra e o medo; as divisões internas de Israel; o casamento e a separação; o passado e a recuperação de algum sentido na vida pelo encontro com a natureza e com o diálogo - os temas das conversas entre Orah e Avram são tão fundamentais quanto os nomes que protagonizam. Dentro de uma situação de conflito coletivo e duradouro, como conciliar as preocupações individuais de uma mãe que, afinal, prefere a companhia do filho à missão patriótica? Como manter a causa pacifista, se aqueles que podem atirar contra um filho são justamente aqueles com quem se quer fazer a paz?
É no limite de Israel e no limite de si mesmos que Orah e Avram descobrem um ao outro, a si próprios e a sua condição de israelenses irreversivelmente exilados. Viver em Israel, afinal, é viver em exílio permanente - estar sempre de fora da normalidade e ver o mundo a distância. Mas é também no fim da terra conhecida, na fronteira com o inimigo, que se pode restaurar alguns caminhos há tanto tempo bloqueados.
O AUTOR
David Grossman
David Grossman (Jerusalém, 1954) é um escritor israelense.É autor de destaque em Israel por seus livros jornalísticos a respeito de questões políticas, especialmente sobre a relação do país com a Palestina. Seus livros têm um tom pacifista e politicamente de esquerda. Grossman perdeu seu filho na Guerra Israelo-Libanesa 2006.
Obras do autor publicadas
pela Companhia das Letras
ALGUÉM PARA CORRER COMIGO
DESVARIO
MEL DE LEÃO
A MULHER FOGE
VER: AMOR
UM LANÇAMENTO
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