sexta-feira, 24 de julho de 2009

OLHOS SECOS

OLHOS SECOS
de Bernardo Ajzenberg


Páginas:184

Em seu sexto livro, o romance Olhos secos, o escritor e jornalista Bernardo Ajzenberg conta a história de um homem dividido entre o passado e o presente; entre o desejo de partir e voltar para casa; entre as tradições da família judia e suas próprias escolhas; entre a admiração e o ódio ao próprio pai; entre a passividade de seu temperamento e a necessidade de reagir às ameaças que passa a sofrer de um cliente do cartório em que trabalha.

O protagonista é Leon Zaguer, um jovem de 18 anos que, após conhecer os kibutzim de Israel, se lança a uma expedição cultural pela Europa, passeando pela efervescência política que marcou os anos 1970 em Atenas, Belgrado e Paris. Mas Leon Zaguer é também um escrevente que, na São Paulo de 1998, chega aos 40 anos em meio a um casamento falido, uma filha distante e nenhum plano realizado.

O livro é ao mesmo tempo uma história de formação, em que o narrador conta em um diário a longa viagem que fez na juventude, dividido entre a tentação de ficar ou regressar ao Brasil, então sob o regime militar, e a angústia de um homem que vê sua vida chegar a uma encruzilhada: ele enfrenta a rejeição do pai moribundo; seu casamento está próximo do fim; falta-lhe o ímpeto para dar um passo adiante na carreira; a relação com a filha é distante e sua intransigência o torna alvo de um criminoso. Para compor este duplo, Ajzenberg alterna entre o relato ingênuo e esperançoso do jovem Leon, e a narrativa onisciente, cortante e incisiva do escrevente, já na idade madura.

Olhos secos é também um painel dos dilemas e afinidades da geração que cresceu sob o regime militar brasileiro, buscando na democracia europeia e no socialismo alternativas à ditadura então vigente no Brasil. A liberdade de manifestação política em democracias como a Itália fascina o romântico Leon e o faz hesitar entre cumprir a promessa de retornar ou tentar a vida num ambiente aparentemente mais promissor.

Além das incertezas, o personagem, na idade madura, é marcado por sua incapacidade de superar a barreira que o separa do mundo e o impede, entre outras coisas, de chorar, ou de ter esperança. É somente a partir da necessidade de reagir às ameaças que Leon, a princípio relutante, toma uma decisão que poderá alterar profundamente sua vida.

O AUTOR Bernardo Ajzenberg, escritor, tradutor e jornalista, nasceu em São Paulo em 1959. É autor de Carreiras cortadas (1989), Efeito suspensório (1993), Goldstein & Camargo (1994), Variações Goldman (1998) e A Gaiola de Faraday (2002, prêmio de Ficção da Academia Brasileira de Letras), Homens com mulheres(2005, finalista do prêmio Jabuti) e Olhos secos(2009) – os quatro últimos publicados pela Rocco. Foi Coordenador Executivo do Instituto Moreira Salles e Ombudsman do jornal Folha de S.Paulo.

UM LANÇAMENTO







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