terça-feira, 18 de novembro de 2008

ARMAZÉM LITERÁRIO


Passarinho fofoqueiro
Um passarinho me contou
que a ostra é muito fechada,
que a cobra émuito enrolada,
que a arara é uma cabeça oca,

e que o leão marinho e a foca..

xô , passarinho! chega de fofoca!



ARMAZÉM LITERÁRIO
- Ensaios
de José Paulo Paes

Organização -Vilma Arêas

Páginas - 376

A obra ensaística de José Paulo Paes se fez como a sua poesia: com grandeza, mas sem alarde. Os ensaios incluídos em Armazém literário, coletânea organizada pela crítica literária e escritora Vilma Arêas, dão uma boa medida do amplo leque de interesses literários do autor, mas sobretudo da sua maneira original de, na crítica, instigar o leitor a ler ou reler os livros que ele comenta.

Mestre da concisão e da objetividade no verso, José Paulo não precisava deixar de ser poeta na hora de se exercitar no ensaio. Os temas mais graves e complexos das obras de autores como Machado de Assis, William Blake ou Simone Weil são elaborados e investigados com fluência e elegância, como numa conversa com o leitor.

Desse modo, a prática do ensaísmo foi para José Paulo um modo a mais de atuação como escritor, além da poesia e da tradução. Freqüentemente ele se serviu do gênero como meio de refletir sobre o ofício de poeta e sua própria "linhagem" na poesia brasileira. Neste último caso estão os textos em que revisita as obras de modernistas como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Murilo Mendes, por exemplo. Mais teórico, o ensaio "Para uma pedagogia da metáfora" expõe sua concepção de poesia como metáfora do mundo, que se confirma "no seu poder de revelar o universal no particular".

José Paulo também estava pessoalmente interessado na reflexão sobre a arte da tradução de poesia - que praticou incansavelmente até o fim da vida, tendo vertido para o português autores de várias línguas, como o americano William Carlos Williams, os gregos Konstantínos Kaváfis e Giorgos Seféris, o francês Paul Éluard e o alemão Rainer Maria Rilke, entre outros. Ao final do livro, o poeta deixa um pouco de lado o ensaísmo e envereda pelas memórias, com o tocante relato de sua experiência de escritor interiorano que se radicou na maior cidade do país e pôde, enfim, reivindicar o título de paulistano "por direito de conquista".

O AUTOR

José Paulo Paes
Nasceu em Taquaritinga, interior de São Paulo, em 1926. Estudou química industrial em Curitiba, onde publicou seu primeiro livro de poemas, O aluno, em 1947.

Neto de um livreiro e filho de um caixeiro-viajante, José Paulo Paes, como não conseguiu ingressar no curso de Química Industrial do Mackenzie, veio para Curitiba, onde onde formou-se no curso pretendido, onde começou na Literatura e juntou-se a artistas e escritores que freqüentavam o Café Belas-Artes (um bar paranista que ficava em frente à livraria Ghignone).

Na capital paranaense tornou-se amigo do poeta Glauco Flores de Sá Brito, do contista e crítico de cinema Samuel Guimarães da Costa, do crítico de arte Eduardo Rocha Virmond e do pintor Carlos Scliar. Também fez parte do grupo da livraria Ghignone. José Paulo Paes escreveu na revista JOAQUIM fundada por Trevisan (essa revista circulou nos anos 40).

O ALUNO - recebeu uma crítica severa de Carlos Drummond de Andrade, segundo qual Paes se procurava nos outros, isto é, era um poeta que não tinha luz própria.

Radicando-se em São Paulo em 1949 e lá exercendo a profissão de químico, Paes torna-se amigo de Graciliano Ramos, de Jorge Amado e de Oswald de Andrade. A partir de 1952, quando publicou seu segundo livro, Paes conseguiu ter luz própria no universo da poesia brasileira, publicando doze livros de poemas.

Paes abandonou a profissão de químico e trabalhou durante vinte e cinco anos como tradutor de escritores gregos, dinamarqueses, italianos, norte-americanos e ingleses.

Publicou mais de dez livros de poesia, inclusive para o público infanto-juvenil, e foi colaborador regular na imprensa literária. Destacou-se também como ensaísta e tradutor de poesia. Morreu na capital do estado de São Paulo, em 1998.

Obras do autor publicadas
pela Companhia das Letras
ARMAZÉM LITERÁRIO

AVENTURA LITERÁRIA, A

LETRA PUXA A OUTRA, UMA

NÚMERO DEPOIS DO OUTRO, UM

POESIA COMPLETA

PROSAS SEGUIDAS DE ODES MÍNIMAS

REVOLTA DAS PALAVRAS, A

RI MELHOR QUEM RI PRIMEIRO

SOCRÁTICAS


DE A POESIA ESTÁ MORTA MAS JURO QUE NÃO FUI EU (1988)

Curitiba

O inventor no estado

era um pinheiro inabalável

inabaláveis pinheiros igualmente

o secretário da segurança pública

o presidente da academia de letras

o dono do jornal

o bispo o arcebispo o magnífico reitor

ah se naqueles tempos

a gente tivesse

(armando glauco dalton)

um bom machado!


um lançamento da





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