domingo, 12 de outubro de 2008

Glauco Mattoso

Glauco Mattoso,

pseudônimo de Pedro José Ferreira da Silva, (São Paulo, 29 de junho de 1951) é um poeta e escritor brasileiro e é um dos mais radicais representantes da ficção erótica e da poesia fescenina em língua portuguesa, descendente direto de Gregório, Bocage e, em prosa, de Sade e Masoch. Seu nome artístico é um trocadilho com glaucomatoso, termo usado para os que sofrem de glaucoma, doença que o fez perder progressivamente a visão, até a cegueira total em 1995. É também uma alusão a Gregório de Matos, de quem se considera herdeiro na sátira política e na crítica de costumes.























M(ai)S: antologia sadomasoquista da literatur
a brasileira

de Antonio Vicente Seraphim Pietroforte e Glauco Mattoso (organizadores)


194 páginas




Antes de tudo, é possível falar em literatura sadomasoquista? O SM, assim como homosexualidade, a pedofilia, o feminismo e a política são temas, que podem, ou não serem convertidos em escolas artísticas, entre elas, a literatura.

De que maneira se constrói a temática SM? São necessários dominadores e dominados, deve haver violência e dor convertidos em prazer, pelo menos para um dos dois, mas não apenas isso. Como diz Greimas, em sua semiótica, enquanto os castigos são oriundos de vinganças e reparações de faltas, o sadismo não depende dessas relações, uma vez que o ato sádico se completa em si mesmo. Castigos e vinganças precisam de um motivo que os acione; o sadismo se explica e justifica-se sozinho.

Correlacionado ao erotismo, o sadismo greimasiano dá forma ao tema sadomasoquista, que pode não passar de um tema entre outros temas, ou pode ser eleito como compromisso ético, estético e literário determinante. Uma antologia SM, portanto, deve ter, no mínimo, esse esclarecimento discursivo.


Apresentação:

O discurso sadomasoquista


Antonio Vicente Seraphim Pietroforte



Incluídos nessa coletânea:

José de Alencar


Machado de Assis


Valentim Magalhães


Cruz e Sousa


João do Rio


Augusto dos Anjos

Pedro Xisto


Wilma Azevedo


Glauco Mattoso


Delmo Montenegro


Claudio Daniel


Antonio Seraphim Pietroforte


Joca Reiners Terron

Marcelo Sahea


Virna Teixeira


Luiz Roberto Guedes


Horácio Costa


Del Candeias


Frederico Barbosa

Ana Rüsche


Dirceu Villa


Contador Borges

Marcelo Tápia


Luís Venegas


Ivana Arruda Leite


Leila Míccolis


Renata Belmonte


Flávia Rocha


Adelice Souza

Leo Pinto


Ceguinho do Ceará


Victorio Verdan


João Silvério Trevisan

Hugo Guimarães


Gustavo Vinagre


Ronaldo Bressane


Pedro Tostes


Marcelo Mirisola


Caco Pontes


Mário Bortolotto


Ademir Assunção


Marcelino Freire


Leandro Leite Leocadio


Berimba de Jesus




Faca cega

de Glauco Mattoso


120 páginas





Este volume registra quatro aventuras poéticas de Glauco Mattoso, duas delas em parceria com novos talentos de velhos gêneros, tais como Danilo Cymrot na décima e Leo Pinto no soneto. O ciclo que dá título ao livro compõe-se de dez sonetos e conta a história da vítima deficiente que se converte em herói superdotado, graças à credulidade do povo e à marginalidade que o cerca. O segundo ciclo narra uma saga mais extensa, composta de quarenta sonetos, adiante comentados. Os ciclos terceiro e quarto são pelejas de Glauco Mattoso, respectivamente com Cymrot e Pinto, nas quais o duelo entre mestre e discípulos serve de laboratório à experimentação temática e formal nesse tradicional pingue-pongue versificado: a “Peleja de Danilo Cymrot com Glauco Mattoso” (2005) e o“Epistolário escatológico de Leo Pinto” (2007) são resultado do diálogo internáutico que Mattoso manteve com dois de seus alunos numa oficina poética. Na “Peleja”, as décimas se pautam pela “deixa”, praxe popularizada pelos cordelistas e cantadores. Já o “Epistolário”, composto de sonetos, foge ao costume nordestino para remontar aos jogos barrocos e arcádicos, ainda que contextualizado na pós-modernidade.


Confira o Soneto do Pistolão

SONETO DO PISTOLÃO (#32)

O cara é do partido governista
e em tudo uma influência ele trafica.
Praquele gabinete alguém me indica
e brilha seu olhinho, mal me avista!
Percebo que emplaquei outra conquista:
me trata friamente, até que fica

difícil disfarçar que minha pica deseja,
mas eu quero que ele insista!
Não tarda, estou sentado à sua mesa,

vestindo terno, e apóio os pés cruzados
no braço da poltrona, de surpresa!
Só falta ele os sapatos engraxados

lamber até lustrar!
A rola tesa
divide seu olhar
com meus solados!


LANÇAMENTOS DA

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