quarta-feira, 3 de setembro de 2008

LOYOLA



Conheci o Loyola na redação da Planeta, depois foi em uma finada Brasil Reporter. Após isso nos tropeçávamos, em vernissages, lançamentos e ou outras festinhas cults. Reencontreio na redação da Vogue graças uma das nossas coleguinhas de posts (naquela época não tínhamos internet e só uma coisa tosca tipo BBS em video texto). All those years a go. Vamos deixar de bla- bla blás...


Ignácio de Loyola Brandão é jornalista e escritor e já publicou perto de trinta livros entre romances, contos, crônicas e viagens, além de ter participado de várias antologias. Nasceu em Araraquara em 31 de julho de 1936. Tornou-se crítico de cinema aos 16 anos quando soube que crítico não pagava entrada em cinema. Filho de um ferroviário, assim enveredou pelo jornalismo. Em 1957 mudou-se para São Paulo e foi trabalhar no jornal Última Hora como repórter. Estreou com um livro de contos sobre a noite paulistana, Depois do Sol. Seu primeiro romance, Bebel que a Cidade Comeu, foi publicado em 1968. Em 1974, foi lançado na Itália o romance Zero, sua obra mais conhecida. O livro saiu na Brasil no ano seguinte, mas foi proibido em 1976 pelo Ministério da Justiça do governo Geisel. A obra só seria liberada em 1979. Em 1993, iniciou colaboração semanal no jornal O Estado de S. Paulo. Em 1996, submeteu-se a uma cirurgia para retirada de um aneurisma cerebral e registrou a experiência no livro A Veia Bailarina, em 1997. Tendo como pano de fundo a ditadura militar e o exílio, sua obra romanesca faz uma crítica amarga da sociedade brasileira, mas ele também fala de amor e solidão. Em julho de 2001, por ocasião de seu aniversário, foi homenageado pelo Instituto Moreira Salles, com a publicação de sua vida e obra no volume 11 da série Cadernos de Literatura Brasileira. Em suas crônicas são freqüentes as referências à infância em Araraquara, aos colegas de geração e ao cotidiano da cidade de São Paulo.

Pela Global Editora tem publicado as seguintes obras para adultos: Bebel que a Cidade Comeu, O Beijo Não Vem da Boca, Cabeças de Segunda-feira, Cadeiras Proibidas, Dentes ao Sol, Depois do Sol, É Gol (Torcida Amiga, Boa Tarde), O Homem que Odiava a Segunda-feira, Não Verás País Nenhum, Noite Inclinada, Pega Ele, Silêncio, A Última Viagem de Borges - Uma Invocação, Veia Bailarina, O Verde Violentou o Muro e Zero. Para crianças e jovens: Manifesto Verde, O Homem que Espalhou o Deserto, O Menino que Não Teve Medo do Medo e O Segredo da Nuvem.

E LÁ VAI !

corre até a livraria...

Cabeças de Segunda-feira


Páginas - 200

O absurdo da vida moderna em uma cidade grande encontra em Ignácio de Loyola Brandão um crítico cruel e impiedoso, com um humor agridoce que pode ser, no fundo, simpatia, condescendência ou a suprema forma de sarcasmo. Ou todas reunidas, batidas em liquidificador e bem misturadas. Pode ser. Cabeças de Segunda-feira, com as suas situações insólitas, suas frustrações e suas obscenidades exprime um pouco desses sentimentos, mas também a relação de amor e asco, fascínio e repulsa que o autor mantém com a sua época e a cidade em que vive.
O livro divide-se em cinco grandes temas (a criação, o desejo, o amor, o homem, a mente), que podem servir de inspiração para histórias de todo tipo e formato, bem comportadas, quadradas, redondas. Loyola deles extraiu uma mistura ácida de insólito e gozação, um pouco além ou aquém da realidade (a anã pré-fabricada, a irrefreável parideira), e flagrantes do caos urbano, em visão cínica e implacável: o gozo atrás das árvores, obscenidades para uma dona de casa.
Mas há também lampejos de simpatia (em realidade simpatia e crueldade, um jogo sadomasoquista com a personagem) pelos sonhadores frustrados, quase sempre inofensivos, como no sarcástico 45 Encontros com Vera Fischer.

Simpatia e sarcasmo se aguçam ainda mais quando trata do sonhador erótico que às mulheres de carne e osso prefere as mulheres irresistíveis das revistas pornográficas (Anúncios Eróticos). A fantasia superando a realidade, a fuga da vida, temas tão freqüentes na obra do autor.

Ignácio de Loyola Brandão nasceu em 1936, em Araraquara, SP. Desde os 16 anos trabalha no jornalismo, profissão que influenciou duplamente a sua ficção, na linguagem e na visão do mundo. Premiado no Brasil e no exterior, tem mais de trinta livros publicados, entre romances, contos, reportagens, vários deles traduzidos.


Pega ele, Silêncio

Páginas - 128

Se os livros fossem como a caverna mágica de Ali Babá, exigindo palavras-chave de acesso, a senha para abrir as portas de Pega ele , Silêncio seria violência e busca. Violência social, típica de uma sociedade competitiva e carente de valores, implacável com os fracos, mas também a velha e embriagadora violência do bicho homem, que parece mais embriagadora do que nunca em momentos de tensão, individual ou coletiva, como o final da década de 1960, quando se desenrolam os três contos do livro de Ignácio de Loyola Brandão.
Era a época da repressão política, das passeatas, da reação estudantil, da brutalidade da polícia. Em casa, as pessoas viam na tevê um programa muito popular de boxe, nas boates o consumo de bolinhas dava um salto histórico e, como pano de fundo da sociedade, predominava o medo.

Neste ambiente vivem e lutam (no sentido real e figurado) os personagens de Ignácio de Loyola: um jovem lutador de boxe, oriundo da periferia, vivendo um dia de intensa angústia antes de uma luta decisiva para o seu destino; a insatisfação de uma atriz ninfomaníaca, onde se descerram também os bastidores do teatro brasileiro; um grupo de pessoas obrigadas a encarar a violência do regime, acuadas pelo medo, em busca de alguma coisa indefinida, mais sugerida do que dita no livro: a oportunidade de ascensão social do boxeur, o prazer permanente ansiado pela atriz, dias de paz e justiça social, desejados pelo grupo de perseguidos.

A tensão predomina nos três contos e sob essa pressão permanente, as personagens deixam emergir a sua face autêntica, o seu egoísmo, as suas frustrações e prevenções, aguçadas pela visão cruel e cética do autor que, definitivamente, não acredita na humanidade.

Pega ele, Silêncio ganhou o Prêmio Especial no primeiro concurso de Contos do estado do Paraná em 1968, e desde então é um dos livros de Ignácio de Loyola preferido pelo público.

Aventure-se! E.C.

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